30/06/23

EM QUALQUER MOMENTO, EM QUALQUER LUGAR!

Não sei onde tu estás, mas sei que tu existes. És a luz que ilumina os meus sonhos, a voz que sussurra no meu ouvido, o calor que aquece o meu coração.

Eu não sei quando te vou encontrar, mas sei que vou te reconhecer. Tu és o sorriso que me faz feliz, o olhar que me faz sentir, o toque que me faz arrepiar.

Eu não sei como vou te amar, mas sei que vou te surpreender. Tu és a aventura que me desafia, a poesia que me inspira, a música que me embala.

Vou criar prosa em qualquer momento, em qualquer lugar, eu vou te encontrar.

15/01/20

A Última Noite

Passeava absorto nos seus pensamentos. Ia muitas vezes, sozinho, por aquele trilho de terra vermelha. Ladeando o caminho, de cor clara, as limbas, árvores de grande porte que podem atingir a altura de 50 metros, predominavam. Os cheiros da floresta tropical, os sons da fauna que mal se via tal o emaranhado de cipós, de ramos entrelaçados que impediam a sua visualização, eram uma bênção da natureza. Estava no Maiombe.

O trilho ia dar ao rio que corria paralelo à aldeia de Tchinguinguili. Senta-se e vê-a.

Compenetrada na sua tarefa, não se apercebe que estava a ser observada. Lavava ali a roupa naquele rio de água cálida e cristalina que, em certos sítios, caía em cascata, local onde as nativas tomavam banho.

O seu corpo luzidio, estava seminu. O cabelo arranjado, um olhar aberto, os dentes alvos, um corpo de gazela. Cantarolava uma cantiga em ibinda, língua natural do povo de Cabinda.

Ela, de repente, sente que está a ser observada. Olham olhos nos olhos e foi como se ali, algo tivesse ligado os olhares. Houve uma empatia imediata entre os dois.

Pegando na trouxa de roupa, dirige-se para a povoação. Ele, fica ainda ali por momentos, como se aquela aparição tivesse sido um cometa que tivesse passado e deixasse rasto da sua luz.

Volta a vê-la tempos depois. O coração dele transbordava de alegria por a ver de novo. Não sabia quem era, o seu nome, se casada, se solteira. Viria a saber depois. Era casada, mas o marido há muito que não a procurava. Passava os dias bêbado com o maruvo (bebida alcoólica resultante da seiva das palmeiras), na companhia dos amigos.

E iam-se encontrando, aqui e ali, até que um dia tiveram mais um tempo juntos. Num local idílico, ali se beijaram. O mundo era só deles, nada mais existia.

O tempo da comissão estava a acabar. Em breve ele voltaria para a sua unidade e regressaria à procedência.

Resolveram encontrar-se numa noite perto do local onde se tinham visto pela primeira vez. O homem com a bebedeira dormia até tarde, nem notaria a falta dela.

A noite estava linda. Ela, vestida com o traje típico, com a esteira, aguardava-o. Ele, de camuflado, levava um cobertor que as noites no Maiombe são húmidas e frescas.

Deitaram-se sob a luz das estrelas. Amaram sem preconceitos ou tabus, o amor pelo amor. Adormeceram exaustos.

O sol ia penetrando nas copas das árvores e desperta-os. A mão dele estava sobre o peito daquela mulher. Os olhos dela pareciam estrelas que tinham caído do céu e ali tinham ficado. Foram até ao rio. Banharam-se, mas o tempo urgia. Vestiram-se. Ela com a mão faz um débil movimento, ele, com o olhar, diz-lhe … Adeus!

10/10/19

Esta noite é nossa...

Com uma pequena mala, ambos se dirigem à residencial onde iriam passar a noite. Nada mais era necessário senão a presença um do outro. Enquanto ele retirava o que iriam vestir nessa noite, de somenos importância pois acabavam sempre da mesma forma… nus, ela dirigiu-se à casa de banho.

Pelo vidro martelado, ele via a água a deslizar pelo seu corpo. Ela tinha as mãos no cabelo, colocando o peito em evidência.

Abriu a porta do chuveiro lentamente. Enlaçou-a nos seus braços. Ela não contava com ele ali pois tinha os olhos fechados sentindo o calor da água no cabelo, no peito e o champô indo em direção ao vértice das suas pernas. Os corpos juntaram-se. Os lábios tocaram-se repetidas vezes. O cabelo molhado sobre os seus ombros, desenhava as curvas do seu rosto.

Os olhos brilhavam e, com a água a correr, fizeram amor. Um amor profundo, um amor de quem ama e não de um amor passageiro, como se aqueles meses que passaram desde que se conheceram pela primeira vez, de nada valessem.

Cansados mas não extenuados, dirigiram-se para a cama. E, nessa noite, voltaram a fazer amor como se não houvesse amanhã.

09/08/19

Amar de verdade é...

Amar, é o que a pessoa representa na sua totalidade e não parcialmente.

Amar, é o que essa pessoa pode dar: o seu amor incondicional.

Amar, é ver nos seus olhos centelhas luminosas de duas estrelas que brilham como os dele(a).

Amar, é entrega sem outro pensamento que não seja... viver o momento.

Amar, é amar quem nos ama. Sentir o prazer do amor é uma dádiva que não se pode desperdiçar.

Amar é o mais importante, tudo o resto é irrelevante.

Amar, é dar tudo sem nada pedir.

Se os olhos choram de saudade, é porque têm saudade da pessoa que ama. Quem não tem saudade, quem não chora, não ama, são devaneios e nada mais.


01/08/19

O primeiro beijo

As palavras são demais para definir o que se passou entre eles. O amor e carinho foram muito importantes para sentirem que para além do que os separa, havia muito que os aproxima, e isso viram nos olhos, no calor dos lábios, no afagar das mãos, no encontro dos peitos, no abraçar como pedindo que o mesmo fosse eterno, e isso era o amor que os unia.

O receio inicial, o de pensar que no primeiro encontro se dariam dois beijos na face, quando o que desejavam era um beijo nos lábios. E isso aconteceu. O dar a mão e o seguirem juntos, era como se conhecessem desde sempre.

Sentaram e abraçaram-se indiferentes a quem lá estava, a quem por lá passava, unidos no mesmo desejo.

Os olhos dela, eram vaga-lumes perscrutando os olhos dele como querendo ver o seu interior. As suas bocas uniam-se vezes sem fim. As línguas envolviam-se num maravilhoso compasso. As mãos no regaço, com as dele entre elas, moviam-se suavemente. Ele mexia no seu cabelo, como se o afagar tivesse o condão de o prender, de não o largar mais, até que as suas bocas se voltassem a unir.

O tempo parou. Estiveram ali como se o tempo não existisse mas, o tempo, infelizmente, existe e tinha chegado a altura de se separarem. Foi devagar que o fizeram, aproveitando o tempo restante, como se não houvesse passado, como se não houvesse futuro, apenas o momento.

Foi numa manhã linda. Uma manhã que foi o início do que já vinham desejando há muito e agora realizado. Nessa manhã, deram o seu primeiro beijo, num banco de jardim.