10/09/13

"História de um Amor de Verão"

Ele deambulava ao acaso no areal daquelas dunas. Aqui e ali ia parando, procurando um cheiro que lhe despertasse o sentimento, que lhe trouxesse a razão do bater do coração, a sensação do prazer, a sensação do amor.

Seguia o seu curso sem nada lhe mexer com a alma, sem sentir o frenesim do corpo, sem nada que lhe atrapalhasse o passo.

Sentiu-se levitar. Algo pegara nele e o levara pelo ar, sentindo a maresia que ali lhe chegava, vinda daquelas águas que se viam ao longe. Para onde lhe levaria esse “voar”, ele que estava habituado a sentir o formigueiro da areia, de ver os rastos deixados por outros que antes por ali tinham passado, ia ele voando sem dar às asas. Eis que pousou e viu-a. Num preto brilhante, ela ali estava.

Não esperou mais que um breve momento para sentir aquele corpo debaixo do seu e possuí-la naquela duna. Colou o seu corpo ao dela. Estremeceu como se todo o seu ser se resumisse a essa paixão. De repente sentiu que ela enfiava a cabeça na areia e o fazia escorregar. Tentou um equilíbrio para continuar o jogo do amor. Mas nada havia a fazer, ela esquecera-se rapidamente do bom momento passado. Terminara o seu ciclo. Estava na hora de partir. Tinha acabado o seu tempo, o tempo tinha acabado.

Olhou pela última vez o corpo roliço, deu meia-volta e seguiu o seu caminho. Era o fim daquele longo amor de verão!

Outros verões virão!

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